Estudo compara o uso de fitoterapia e acupuntura com a aspirina em pacientes pós AVC

Tratamento do AVC com acupuntura e fitoterapia
O estudo avaliou os efeitos da acupuntura e fitoterapia versus o tratamento convencional (que envolve o uso de aspirina) em pacientes pós AVC isquêmico. Confira os detalhes!
Estudo compara o uso de fitoterapia e acupuntura com a aspirina em pacientes pós AVC

O estudo

 

Um estudo publicado em setembro de 2021 analisou os resultados do tratamento com Medicina Chinesa (acupuntura e fitoterapia) com o tratamento convencional (aspirina) na dissolução de estase de Sangue em pacientes com sequela de acidente vascular cerebral (AVC).

 

 

O AVC isquêmico

 

O AVC isquêmico é uma doença cerebrovascular, cujo mecanismo patológico envolve a diminuição ou bloqueio total do suprimento de Sangue para o cérebro, causando necrose de parte do tecido cerebral.

 

É uma doença que deixa sequelas como, alterações na face, fraqueza nos membros, hemiplegia e outras, além de impedir a autonomia do paciente nas atividades diárias e na qualidade de vida.

 

Na visão da Medicina Chinesa, trata-se de um golpe de vento, principalmente causado por deficiência do Qi Original (Yuan Qi), falta de livre fluxo de Qi e Sangue, estase de Sangue e obstrução dos canais.

 

 

Participamente e método 

 

O estudo foi realizado com 90 pacientes, admitidos no hospital de abril de 2018 até abril de 2020, que foram divididos em dois grupos iguais.

 

O grupo de controle recebeu o tratamento convencional, que envolve inalação de oxigênio, controle da pressão arterial, controle da coagulação sanguínea e de aspirina 100g (em doses de 300mg, 3x ao dia).

 

O grupo experimental recebeu tratamento com Medicina Chinesa, através da fitoterapia e acupuntura.

 

A fitoterapia foi administrada em forma de decocção em água quente, 2 vezes ao dia, com 2 semanas compondo um ciclo de tratamento, num total de 3 ciclos.

 

A composição padrão foi a seguinte:

  • di long (pheretima) – 10g
  • dang gui (angelica sinensis) – 10g
  • tu bie chong (eupolyphaga seu steleophaga) – 10g
  • shui zhi (hirudo) – 10g;
  • hong hua (carthamus tinctoris) – 30g
  • niu xi (achyranthes bidentata) – 30g
  • chi shao (radix paeoniae rubra) – 30g
  • chuan xiong (rhizoma chuan xiong) – 30g
  • san qi (notoginseng radix) – 30g
  • huang qi (radix astragali) – 60g
  • ji xue teng (caulis spatholobi) – 15g

 

A acupuntura foi realizada nos pontos do canal Yang Ming (Estômago e Intestino Grosso) do lado afetado.

 

Nos casos de hemiplegia, foram também utilizados os pontos:

  • PC6 (neiguan);
  • BA6 (sanyinjiao);
  • VB31 (fengshi);
  • VG3 (yaoyangquan);
  • IG11 (quchi);
  • E36 (zusanli);
  • B40 (weizhong);
  • VB34 (yanglingquan);
  • IG15 (jianyu).

 

Nos pacientes com alterações na face, foram acrescentados os seguintes pontos:

  • E4 (dicang);
  • VG26 (renzhong);
  • VG15 (yamen);
  • taiyang (Ex-HN-5);
  • VG16 (fengfu);
  • E7 (xiaguan);
  • VC23 (lianquan).

 

No crânio, foram adicionadas 4 agulhas na linha do VG20 (baihui) em direção ao lado afetado.

 

A acupuntura foi realizada com profundidade e estímulo conforme cada um dos pontos, com retenção por 30 minutos e em ciclos de 5 dias com 2 dias de pausa durante 2 meses.

 

 

Explicações

 

O tratamento com Medicina Chinesa (tanto os pontos de acupuntura quanto a matéria médica) foi feito com o objetivo de regular o Yin e Yang, Qi e Sangue, drenar e desbloquear canais, estimular o córtex cerebral, promover a circulação do Sangue no Cérebro e reparar as células danificadas.

 

Durante a pesquisa foram avaliados os seguintes critérios:

  • Autonomia na realização das atividades diárias;
  • Recuperação dos movimentos dos membros;
  • Viscosidade do Sangue;
  • Colesterol Total;
  • Triglicérides;
  • Índice de qualidade de vida.
 

Resultados e conclusões

 
Os resultados indicaram que os pacientes que foram tratados com Medicina Chinesa apresentaram índices relativamente maiores em todos os critérios do que os tratados com aspirina (tratamento convencional).

No geral, a efetividade do tratamento atingiu 93,33% dos pacientes da Medicina Chinesa e 68,89% dos pacientes do tratamento convencional.

 

Referência

 

– Yan J, Dong Y, Niu L, et al. Clinical effect of Chinese herbal medicine for removing blood stasis combined with acupuncture on sequelae of cerebral infarction. Am J Transl Res. 2021;13(9):10843-10849. Published 2021 Sep 15.

Quem escreveu

Foto de Ana Regina Tanganeli

Ana Regina Tanganeli

É professora e coordenadora do Aprendiz de Medicina Chinesa. É profissional da Medicina Chinesa com formação em Acupuntura, Fitoterapia, Dietoterapia, Tuiná e Medicina Chinesa Clássica e especializada em Pediatria. Tem mais de 20 anos de experiência em docência e é especialista em epistemologia, didática e tecnologias de ensino.

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