Essa não é apenas uma dúvida sua! Todo profissional da Medicina Chinesa, independentemente da especialidade, sempre fica em dúvida sobre quando tonificar e quando dispersar, especialmente na acupuntura.

Na prática, antes de tonificar (colocar o que é saudável) é preciso dispersar (movimentar ou eliminar o que é prejudicial).

O fato de dispersar primeiro e tonificar depois implica em realizar o tratamento numa sequência lógica e estratégica.

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É possível fazer isso no mesmo atendimento?

Sim, é possível porém nem sempre é indicado. Vai depender da avaliação do pulso do paciente.

A avaliação do pulso mostra o estado IMEDIATO do paciente e é a chave para a clareza de um diagnóstico.

O que determina uma condição de excesso ou deficiência é a FORÇA do pulso. Trata-se da pressão que o batimento exerce nos dedos do profissional e varia numa escala de muito fraco até muito forte.

A força do pulso indica se há excesso ou deficiência:
O pulso forte indica excesso;
O pulso fraco indica deficiência.

Pensando em acupuntura, o protocolo do paciente deve ser dividido em 2 partes.

Na primeira parte, deve-se dispersar, ou seja, atuar nos princípios de tratamento relacionados ao excesso, por exemplo:
– Limpar calor (pulso forte e rápido);
– Resolver estagnação (pulso forte e em corda);
– Aquecer o frio (pulso forte e tenso).

Após agulhar e estimular os pontos, deve-se avaliar o pulso. Se a força estiver próxima do normal, é possível seguir com o tratamento. Se ainda estiver forte, não.

Na segunda parte, deve-se tonificar, ou seja, atuar nos princípios de tratamento relacionados a deficiência, por exemplo:
– Gerar fluidos (pulso fino);
– Fortalecer função (pulso fraco);
– Nutrir o Sangue (pulso áspero).

A ordem de disperar primeiro e tonificar depois somente deve ser utilizada no MESMO mecanismo patológico.

Se forem mecanismos ou estratégias independentes, então não há motivo para usar esse raciocínio!

Por exemplo, numa queixa de dor na perna por estagnação de Qi no canal do Estômago E fadiga por deficiência de Qi do Baço é possível atuar de forma conjunta.

E ficamos por aqui. Espero que tenha sido útil para você!

Referências principais
– WANG, Bing. Princípios de medicina interna do imperador amarelo (tradução). 1ª Edição. São Paulo: Editora Ícone, 2013.
– FOCKS, Cláudia; März, Ulrich. Guia prático de acupuntura. 2ª edição. São Paulo: Manole, 2008.
– MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico na Medicina Chinesa: um guia geral. 1ª edição. Rio de Janeiro: Roca, 2006.
– MACIOCIA, Giovanni. Os fundamentos da medicina chinesa. 3ª edição. Rio de Janeiro: Roca, 2019.
– ROSS. JEREMY. Combinações dos pontos de acupuntura: a chave para o êxito clínico. Rio de Janeiro: Roca, 2019.