A apresentação pélvica refere-se a posição do bebê no útero em que ele está sentado, com as nádegas ou os pés para nascerem primeiro, em vez da cabeça. Cerca de 4% das gestações únicas (não gemelar) tem o bebê com essa apresentação no momento do parto.

Ela está associada à útero bicorno, condições neuromusculares do feto, anomalias congênitas, mioma uterino, placenta prévia, prematuridade, gestação múltipla e diminuição do líquido amniótico.

Essa condição acarreta em dificuldade no trabalho de parto e parto prolongado. Na maior parte dos casos há indicação de cesárea.

Quando tudo ocorre normalmente, por volta da 28ª semana de gestação o bebê se movimenta até ficar na posição cefálica, ou seja, de cabeça para baixo. Esse movimento pode ocorrer até o início do trabalho de parto.

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Quando o movimento não ocorre até a 37ª semana, recomenda-se a realização de uma manobra manual na barriga da gestante para estimular o movimento. A técnica, além de dolorosa, aumenta as chances de antecipação do parto e sangramento. As chances de sucesso são de aproximadamente 50%.

A moxabustão é uma técnica validada e efetiva para movimentar o bebê e deixá-lo na apresentação cefálica. Inclusive é indicada por ginecologistas e obstetras de todos os cantos do mundo.

Inclusive, estudos realizados nas últimas 3 décadas demonstram a efetividade da aplicação da técnica no ponto B67 (zhiyin) em cerca de 75% dos casos de apresentação pélvica.

O ponto B67 (zhiyin) é o ponto mais distal do canal da Bexiga. Ele estimula a atividade fetal, regula os níveis de cortisol da mãe e melhora o tônus dos músculos relacionados ao Útero.

A publicação original, escrita por Lily Lai, relata 3 casos clínicos de sucesso utilizando moxa em B67 e outras técnicas da Medicina Chinesa.

Caso 1 – mulher, 33 anos (gestação natural)

Paciente com 34 semanas de gestação encaminhada pelo obstetra. Caso não tivesse êxito até a 37º semana, a paciente deveria passar pela manipulação manual da barriga.

Paciente recebeu moxa em B67 (zhiyin) durante 30 minutos cada lado em bicada de pássaro e círculos associada a pasta de gengibre (estímulo do Yang e do movimento).

A paciente recebeu o tratamento deitada em decúbito lateral, para diminuir os efeitos da gravidade e aumentar o espaço no útero.

Como não quis receber acupuntura, foi tratada com auriculoterapia em Útero (ton), Rim (ton), Coração (disp) e Shenmen (disp).

Durante a aplicação de moxa, o movimento do bebê aumentou bastante (e o atendimento aconteceu em um horário em que o bebê não se mexe muito).

Recebeu a orientação para realizar moxa no B67 todos os dias em casa no início da noite durante 15 minutos em cada lado e também estimular os pontos de aurículo durante 9 dias.

No 5º dia, o bebê se movimentou para a posição cefálica e o parto ocorreu naturalmente na 39ª semana.

Caso 2 – mulher, 38 anos (gestação via FIV pós endometriose)

A paciente chegou para atendimento com 35 semanas de gestação com bebê em posição pélvica e pernas edemaciadas. A paciente teve problemas de dor no ciático desde a 30ª semana e um quadro prévio de endometriose (estase de Sangue).

A língua estava inchada e com veias sublinguais calibrosas.

Paciente recebeu moxa em B67 (zhiyin) durante 30 minutos cada lado em bicada de pássaro e círculos associada a pasta de gengibre (estímulo do Yang e do movimento).

Também recebeu acupuntura em:
– VB41 (zulinqi)+ TA5 (waiguan);
– V34 (yanglingquan);
– E36 (zusanli);
– B23 (shenshu).
*unilateral.

Recebeu a orientação para realizar moxa no B67 todos os dias em casa no início da noite durante 15 minutos e realizar movimentos de inversão de ioga durante 9 dias.

O bebê se movimentou para a posição cefálica antes da 36ª semana e o parto ocorreu naturalmente em casa na 41ª semana.

Caso 3 – mulher, 41 anos (gestação via FIV – produção independente)

Devido à estagnação de Qi nos canais, a paciente recebeu moxabustão em B67 (como nos casos anteriores) e acupuntura em VB34 (yanglingquan) e R1 (yongquan).

Os exames realizados na 35ª semana indicaram o movimento dos bebês e o parto ocorreu natrualmente na 40º semana.

Além de “movimentar o bebê” é preciso observar as condições e os mecanismos patológicos da futura mamãe.

Referência
Journal of Chinese Medicine | Issue 134 | February 2024 Helping Breech Babies Head South with Moxibustion – Three Cases with Clinical Recommendations