Diverticulite é definida como a inflamação ou infecção dos divertículos, pequenas bolsas que se formam na parede do intestino.

A presença de divertículos é chamada de diverticulose, uma condição que não causa sintomas perceptíveis ou significativos e que normalmente é diagnosticada em exames de rotina (especialmente a colonoscopia).

Quando há acúmulo de resíduos nos divertículos há geração de um processo inflamatório ou infeccioso, ou seja, a diverticulite.

Quando isso acontece, há presença de dor abdominal, diarreia ou obstipação intestinal, vômito, edema, gases e febre.

Dependendo da intensidade dos sintomas e como apareceram, a diverticulite é classificada em:

– Aguda: crise com manifestações intensas e de início súbito;
– Crônica: manifestações leves com piora progressiva.

Do ponto de vista ocidental, a diverticulite é mais frequente em homens com mais de 40 anos (incidência aumenta com a idade), porém também atinge mulheres. Ela está relacionada com sedentarismo, excesso de peso ou obesidade, tabagismo, uso regular de anti-inflamatórios, dieta baixa em fibras e rica em gorduras.

Dentre as opções de tratamento coadjuvantes, especialmente para controle da dor, indica-se a acupuntura. O estímulo de pontos específicos regula a motilidade gastrointestinal, aumenta a circulação nos tecidos circundantes, elimina citocinas e outras células pró inflamatórias.

Já do ponto de vista da Medicina Chinesa, a diverticulite está associada a diversos mecanismos que resultam em calor umidade, estagnação de Qi e estase de Sangue.

Nesse sentido, o princípio de tratamento geral é limpar calor, resolver umidade, restaurar o livre fluxo do Qi, resolver estase de Sangue e harmonizar os intestinos.

Para isso, pode-se utilizar os seguintes pontos de acupuntura (com o estímulo adequado para cada princípio de tratamento):
– IG11 (quchi);
– IG2 (erjian);
– E44 (neiting);
– E40 (fenglong);
– F3 (taichong);
– BA10 (xuehai);
– VC4 (guanyuan);
– E25 (tianshu);
– B25 (dachangshu);
– B27 (xiaochangshu).

Mas isso não basta! É preciso compreender os mecanismos patológicos associados à diverticulose e diverticulite.

A formação dos divertículos ocorre devido ao enfraquecimento da parede intestinal, composta principalmente de musculatura lisa. Como o Baço é responsável pela musculatura e por manter todas as estruturas no lugar, pode-se concluir a formação de divertículos é consequência direta da deficiência do Qi ou Yang do Baço, que pode ser causada especialmente por alimentação irregular ou inadequada.

É preciso considerar também que a estagnação do Qi do Fígado também é o início de um provável mecanismo patológico, uma vez que a falta de livre fluxo prejudica as funções de Baço e Estômago e consequentemente causa uma deficiência de Qi do Baço. Nesse caso, a causa do mecanismo são as emoções (intensas ou prolongadas), especialmente raiva, ressentimento e frustração.

Uma outra possibilidade de mecanismo, que inclusive justifica o acometimento de indivíduos mais velhos, é a deficiência do Yang do Rim. Aqui, há um comprometimento na formação do Yuan Qi (Qi Original), responsável pelo aquecimento do corpo e pelas funções fisiológicas de cada órgão.

Ainda, é preciso considerar a penetração de umidade externa (que prejudica as funções do Baço) e a ingestão exagerada de alimentos frios, seja na natureza ou na temperatura em si.

Formados os divertículos, é preciso que um outro mecanismo se instale para que ocorre a diverticulite, que nada mais é do que uma expressão de calor umidade nos intestinos.

A primeira hipótese de mecanismo é o agravamento da deficiência de Qi/Yang que gera o afundamento do Qi do Baço. Quando o Qi do Baço não é capaz de ascender e começa a descender gerando acúmulo no aquecedor inferior, o que acarreta diretamente em estagnação de Qi, estase de Sangue e calor (o Qi não se movimenta, o Qi não movimenta o Sangue e tudo o que fica parado gera calor).

Ainda, a deficiência geral de Qi impossibilita a sua circulação adequada, a movimentação do Sangue e o aquecimento do corpo. Como o frio tende a lentificar, bloquear ou dificultar o movimento, cria-se também um acúmulo no aquecedor inferior, cujo mecanismo é igual ao já descrito.

É preciso considerar também a estagnação do Qi do Fígado. O Qi do Fígado se movimenta em todas as direções e atua auxiliando os intestinos no movimento fisiológico de descendência. Quando isso não acontece, a movimentação do Qi dos intestinos para baixo fica prejudicada e gera calor.

A ingestão exagerada de alimentos quentes (natureza ou temperatura) gera calor interno que afeta diretamente os intestinos causando a condição.

Todos esses mecanismos justificam os sinais e sintomas gerais da diverticulite:
– Presença de dor abdominal: estase de Sangue e estagnação de Qi;
– Febre ou sensação de calor: presença de calor;
– Diarreia: movimentação acelerada dos intestinos, sem tempo suficiente para reabsorção;
– Obstipação intestinal: consumo dos fluidos corporais;
– Vômito: inversão do Qi do Estômago (Baço descendo e Estômago subindo);
– Edema: presença de umidade;
– Gases: estagnação de Qi e calor.

Quando a estagnação de Qi, estase de Sangue e calor são intensos e prolongados há formação de calor tóxico, que penetra a camada Sangue e causa abcesso intestinal: é o quadro agudo e grave da diverticulite.

Já o sangramento anal presente na condição tem origem ou no calor que agita o Sangue dentro dos vasos ou da própria deficiência do Qi do Baço, que se torna incapaz de manter o Sangue dentro dos vasos.

De forma geral, as síndromes encontradas na diverticulite são:
– Calor no Yang Ming;
– Umidade calor no Intestino Grosso;
– Estagnação de Qi e estase de Sangue;
– Deficiência de Qi com umidade calor;
– Deficiência de Qi com calor tóxico;
– Qi e Yin deficientes com estagnação e Qi e estase de Sangue.

A diferenciação entre elas se dá através de sinais e sintomas secundários

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