Como avaliar a dor do paciente?

Apesar da acupuntura ser efetiva para condições dolorosas, a avaliação da resposta do paciente pode ser difícil uma vez que a dor é subjetiva. Na prática, é preciso utilizar métodos objetivos e diretos para mensurar a dor. Confira.
Como avaliar a dor do paciente?

A prática clínica e a dor

 

A dor é o principal motivo que faz o paciente buscar a acupuntura e a Medicina Chinesa.

 

Embora a acupuntura seja muito efetiva, avaliar a dor pode ser uma tarefa difícil uma vez que é um sintoma subjetivo (não é possível ter uma medida real do nível de dor).

 

Toda vez que a queixa do paciente é dor, o primeiro passo deve ser compreender o histórico:

– a dor é aguda ou crônica?;

– houve alguma lesão?;

– quando e como a dor começou?.

 

Também é fundamental palpar e inspecionar o local da dor e avaliar se ela melhora ou piora com a pressão ou com calor, a condição, coloração e temperatura da pele na região.

O que esperar do tratamento?

 

A seleção de pontos deve basear-se no tratamento do ramo (eliminar ou reduzir a dor) e da causa (o que gerou a dor).

 

Nesse processo é muito importante definir qual é o canal afetado.

 

Normalmente, o paciente relata grande alívio da dor após o atendimento porém em alguns casos, no atendimento seguinte ele retorna dizendo que não melhorou ou que a dor piorou.

 

O retorno da dor entre os atendimentos é normal e esperado. Isso porque toda dor envolve falta de livre fluxo, que durante o atendimento é restaurado. Só que o corpo “tende” a sua condição inicial, ou seja, ao longo do tempo a tendência é que o livre fluxo seja mais uma vez impedido.

 

Mesmo assim, o tempo sem dor entre os atendimentos deve aumentar gradativamente, até desparecer completamente. Se isso não acontecer é preciso avaliar outros motivos que fazem a dor retornar.

 

A primeira possibilidade é a causa da dor não ser considerada, ou seja, ser apenas um tratamento de ramo. A segunda é o paciente, sem dor após o atendimento, exagerar na sua rotina e causar um novo problema.

 

É muito importante que o paciente seja orientado sobre o processo de tratamento (a dor não desaparece completamente em apenas um atendimento) e que é preciso manter repouso e não exagerar na rotina.

Como avaliar a dor do paciente?

 

Como a dor é subjetiva, na prática pode acontecer de o paciente relatar “nenhuma melhora” e o exame clínico indicar o contrário.

 

Para evitar esse tipo de situação e ter um controle real do nível de dor do paciente ao longo do tratamento, deve-se utilizar a escala analógica visual (EVA) referente a dor.

 

 

Como utilizar a escala?

 

Para utilizar a escala adequadamente, antes de mais nada deve-se perguntar ao paciente “qual foi a pior dor que ele já sentiu na sua vida?”.

 

Essa informação é utilizada para “calibrar” a escala e possibilitar que a classificação seja mais objetiva, tanto para o profissional quanto para o paciente.

 

Lembrando que para cada indivíduo, a pior dor da vida pode ser bem diferente! Pode ser a dor do parto, uma cólica renal ou até um corte no pé.

 

Depois disso, deve-se indicar ao paciente que o nível 0 corresponde a nenhuma dor e 10 corresponde a sua pior dor e perguntar: “Nessa escala, como classifica a dor que está sentindo agora?”.

 

Esse processo deve ser feito antes e depois do tratamento em todas as sessões, enquanto a dor persistir. Obviamente é preciso registrar essas informações para que seja possível ter um controle exato da evolução do tratamento.

 

Desta forma, é possível realizar os ajustes necessários e mostrar a evolução da dor ao paciente caso ele fale que o tratamento não está sendo efetivo.

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Referências

 

– DEADMAN, Peter; AL-KHAFAJi, Mazin; BAKER, Kevin. Manual de Acupuntura. São Paulo: Roca, 2020.

– MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Roca, 2019.

– WANG, Bing. Princípios de medicina interna do imperador amarelo (tradução). 1ª Edição. São Paulo: Editora Ícone, 2013.

– MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico na Medicina Chinesa. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Roca, 2010.

– YAMAMURA, Ysao. A arte de inserir. 2ª Edição. São Paulo: Roca, 2011.

Quem escreveu

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Ana Regina Tanganeli

É professora e coordenadora do Aprendiz de Medicina Chinesa. É profissional da Medicina Chinesa com formação em Acupuntura, Fitoterapia, Dietoterapia, Tuiná e Medicina Chinesa Clássica e especializada em Pediatria. Tem mais de 20 anos de experiência em docência e é especialista em epistemologia, didática e tecnologias de ensino.

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