10 Dicas para quem deseja trabalhar com crianças
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 1 em cada 3 crianças apresentam algum tipo de patologia crônica, seja alergia, asma, etc.
Apesar de o uso da acupuntura e da Medicina Chinesa para o tratamento de bebês e crianças ainda não ser popular nos países do Ocidente, na China existem alas e profissionais totalmente dedicado ao atendimento dos pequenos.
Da minha prática clínica, que começou com meus filhos e hoje já soma mais de 500 bebês e crianças atendidos, posso só dizer uma coisa: trabalhar com crianças é maravilhoso!
Além da rápida resposta ao tratamento, o vínculo afetivo e o carinho que eles desenvolvem pelo profissional é gigante. Sem contar na diferença que é possível fazer na vida dos pequenos: eliminar o uso de medicamentos, possibilitar melhor qualidade de vida, sono e outros tantos aspectos que são essenciais para que eles cresçam e se tornem adultos saudáveis.
Se você tem interesse de seguir para esse campo de atuação – Acupuntura Pediátrica, Tuiná Pediátrico ou Atendimento Infantil em Medicina Chinesa – seguem algumas dicas de ouro:
1. É preciso estudar muito
Mesmo que você seja tenha grande conhecimento sobre fisiologia, mecanismos de doenças, diferenciação de síndromes e tenha anos de prática clínica, você precisará estudar.
Isso porque as crianças não são “mini adultos” e sim apresentam uma fisiologia própria e diferenciada. Além disso, seu organismo imaturo provoca deficiências e condições que às vezes são causadoras de doenças e outras vezes são consideradas normais.
Conceitos como toxicidade fetal, fator patogênico residual, cinco atrasos, mutação e efervescência, imunização e outros precisam fazer parte do seu vocabulário e do seu conhecimento.
2. O diagnóstico é diferente
Você vai continuar utilizando os 4 pilares do diagnóstico na sua prática clínica, porém é preciso considerar que o bebê não fala e a criança não consegue verbalizar suas condições. Será necessário interrogar a mãe (ou cuidadores) e se tornar muito mais detalhista na inspeção e palpação do seu pequeno paciente.
Será necessário aprender (ou aprimorar) sobre o diagnóstico pela veia do dedo indicador, pela face e conhecer os nove passos da inspeção infantil.
Além disso, a ficha de anamnese será necessário incluir informações sobre a gestação, parto e desenvolvimento.
3. O conhecimento tem que ir além da Medicina Chinesa
Falando em desenvolvimento, será necessário também compreender as fases de desenvolvimento do bebê e da criança, o que é normal e anormal para cada faixa etária.
Essas informações, além de auxiliar no diagnóstico são essenciais para tranquilizar (ou alertar) os pais a respeito de certas condições.
4. Será necessário lidar com pais, avós, etc.
Quando se trata uma criança, é preciso levar em consideração que ela vem acompanhada de todo seu círculo familiar (mesmo não presentes no atendimento).
Por isso, é muito importante informar cada tratamento que será realizado, principalmente os mais invasivos ou que deixam marcas, como sangria e ventosa.
É recomendável que o responsável assine um termo de ciência, informando estar ciente dos tratamentos realizados e que podem ocorrer manchas, hematomas, etc.
Conheço casos que após o atendimento, sob pressão da avó (que ao ver uma marca deixada pela ventosa achou que a criança tinha sido torturada), os pais fizeram um B.O. contra o profissional.
5. É preciso conhecer diversas técnicas
Criança não gosta de agulha. Por mais que as agulhas de acupuntura sejam muito finas e o agulhamento indolor, as crianças quase sempre tem grande resistência ao uso de agulhas num primeiro momento.
Será preciso tempo para ganhar sua confiança e que ela permita o uso das agulhas: obrigar, gritar ou segurar a criança vai causar traumas e não vai ajudar em nada no tratamento.
É por isso que o ideal é ter várias opções de técnicas: cromopuntura, laserpuntura, shonishin, tuiná, etc. e utilizá-las conforme a necessidade durante o atendimento.
6. Precisa de paciência. Principalmente nos primeiros atendimentos
Se você está acostumado com pacientes deitados e relaxando em silêncio por 30 minutos, pode começar a repensar seus atendimentos!
Crianças são ativas, curiosas e não vão ficar 30 minutos deitadas na maca em silêncio (aliás os métodos de agulhamento em crianças são diferentes).
Elas não vão ficar paradas (as pequenas): elas vão andar, subir e descer da maca, chorar, pular e procurar algum brinquedo. E você terá que aproveitar os breves momentos em que ela estão focadas em alguma coisa para realizar o tratamento.
É impossível definir o tempo exato do atendimento e sempre um dia vai ser diferente do outro.
7. A sala de atendimento precisa ser convidativa para as crianças
Pode ser uma caixa com brinquedos, um pote com lápis de cor e algumas folhas de sulfite. Mas será necessário adaptar seu espaço para receber seu público infantil.
Decorações “sérias” e com cara de médico, muitas vezes deixam a criança em pânico antes mesmo de começar.
Além disso, é preciso atentar-se para possíveis perigos como, por exemplo, local de descarte das agulhas, acesso aos materiais de trabalho, quinas vivas de móveis, etc.
8. O atendimento não é rápido
Embora os tratamentos infantis sejam rápidos, o tempo total de atendimento será próximo de 1 hora.
Isso porque será necessário conversar com os pais (ou cuidadores), tirar dúvidas e interagir com a criança durante o tratamento. E isso leva tempo.
9. É preciso estar disponível
Já ouviu que telefone de pediatra toca até de madrugada? É mais ou menos assim…
Uma febre inesperada, diarreia, choro excessivo e a mãe acaba entrando em contato, primeiro para saber se é por causa do tratamento, se é normal ou o que pode ser feito.
Estabeleça seus horários e seus limites para realizar esse tipo de atendimento “emergencial”.
10. Prepare seu coração!
Cada criança que você cuida é um vínculo que se forma. E não dá para ser diferente.
De um lado é o afeto e o carinho que elas te dão. Sâo presentinhos (desenhos, cartões, etc), abraços apertados, beijos e muita alegria.
E de outro lado são os efeitos do tratamento que está sendo realizado! Já me emocionei com relatos de mães sobre a melhora de quadros ditos sem solução; já chorei com resultados de exames e me emocionei com as próprias crianças relatando suas melhoras: “tia, agora eu posso comer chocolate sem ficar dodói”.
Pode parecer complexo e difícil num primeiro momento, mas é tão incrível cuidar desses pequenos que vale qualquer esforço!
Boa noite achei suas publicações fantásticas, seria possível tratar problema de crescimento, ,meu sobrinho esta passando no endócrino mas minha prima não que dar hormônio para crescer. Se puder informa
algum protocolo agradeço
Oi Patrícia. É preciso fazer uma avaliação detalhada para falar em protocolo, pois podem ter várias síndromes envolvidas :-)