Se urgente, tratar o ramo!

Existe um ditado clássico que diz: “Se urgente, tratar o ramo”.

Mas o que ele significa e qual sua implicação direta na prática clínica?

Na Medicina Chinesa, costuma-se utilizar os quatro pilares do diagnóstico (interrogatório, palpação, inspeção e ausculta e olfação) como base para diferenciar síndromes, definir princípios de tratamento e depois a estratégia de tratamento (pontos de acupuntura, guachá, etc).

Todo esse processo leva um tempo, principalmente no primeiro atendimento! É normal que o atendimento se inicie com um bate papo, explicações sobre a Medicina Chinesa e só depois os processos de diagnóstico tem início.

Mas existem pacientes e situações que não podem esperar… E são nesses casos que devemos deixar a raiz de lado e tratar o ramo!

Quando o paciente chega com uma condição muito aguda ou urgente, como hipertensão, dor extrema, lesão recente, cólica menstrual, etc, deve-se deixar o “bate papo” de lado, colocar o paciente na maca e resolver o problema pontual.

Além dos riscos envolvidos em situações urgentes (aqui no Brasil não é comum atender um paciente numa condição assim mas pode acontecer), um paciente que se encontra numa situação de dor ou desconforto extremo não tem condições – e nem vontade – de falar, responder perguntas sobre fezes, urina, sono e etc.

O que ele mais quer é resolver sua condição momentânea.

E é exatamente isso que fala esse ditado: quando o paciente chega numa condição urgente, o profissional deve deixar todo o processo de diagnóstico de lado e tratar a situação do momento.

Por exemplo, uma mulher que chega com cólica menstrual intensa deve ser atendida imediatamente com o objetivo de resolver a dor e não de diferenciar se a cólica é causada por estagnação do Qi do Fígado, frio no útero, etc.

Após resolver a dor, com a paciente já sem dor é que se deve voltar ao diagnóstico para identificar a raiz do problema. E isso pode ser feito na própria sessão de atendimento ou numa próxima oportunidade.

O mais importante é ter empatia com o paciente e saber quando ele está bem o suficiente para passar por todo o processo de diagnóstico ou se apenas precisa resolver seu problema momentâneo.

Fica a dica :-)

Quem escreveu: Ana Regina Tanganeli
É professora e coordenadora do Aprendiz de Medicina Chinesa. É profissional da Medicina Chinesa com formação em Acupuntura, Fitoterapia, Dietoterapia, Tuiná e Medicina Chinesa Clássica e especializada em Pediatria. Tem mais de 20 anos de experiência em docência e é especialista em epistemologia, didática e tecnologias de ensino. (@anatanganeli)

Um comentário

  1. Jaime de Miranda 23 de dezembro de 2021 at 23:39 - Reply

    Os mecanismos da doença são exatamente da forma que se encontra escrito, achei tão interessante ler isso que me recordei de tantos casos que aconteceu comigo que adoto em finalizar a anmenesia sempre na próxima sessão.
    Deixo meu agradecimentos e isso serve sempre de puxão de orelha.
    Sds.

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