A gagueira é uma condição que afeta crianças e adultos e é definida como um distúrbio de fala envolvendo problemas frequentes com a fluência e o fluxo normais da fala.

Na Medicina Ocidental, a gagueira tem origem multifatorial que inclui questões emocionais, disfunções cerebrais ou como sintoma secundário em outras doenças.

Na Medicina Chinesa, a gagueira tem relação direta com o Coração, isso porque o Coração abre-se na língua. Segundo o Clássico do Imperador Amarelo, no capítulo 17 do Ling Shu (Eixo Espiritual) “o Qi do Coração comunica-se com a língua”.

Além da gagueira, a afasia (incapacidade de se expressar), a conversação e o riso excessivo também estão relacionados às patologias do Coração.

Considerando a gagueira, as duas principais síndromes relacionadas são a deficiência de Sangue do Coração e o Fogo no Coração (por excesso ou deficiência). Ainda, a deficiência de Qi do Coração também pode causar a gagueira.

É importante destacar que o Coração é a morada do Shen, ou seja, as patologias do Coração podem afetar diretamente a mente e causar questões emocionais, que por sua vez podem causar a gagueira.

Segundo Jeremy Ross, a seguinte combinação é efetiva para gagueira:

  • VG16 (fengfu)
  • yintang
  • C5 (tongli)
  • C7 (shenmen)
  • BA6 (sanyinjiao)

Já Maciocia indica o uso dos seguinte pontos::

  • C7 (shenmen)
  • R3 (taixi)
  • VC4 (guanyuan)
  • C8 (shaofu)
  • R2 (rangu)
  • VC14 (juque)

Existem algumas pesquisas científicas sobre o uso da acupuntura no tratamento de gagueira.

Uma delas, de 1995, que afirma que a acupuntura não é eficaz para o tratamento da gagueira, faz a análise de dois pacientes adultos, com gagueira desde a infância e cujos pais também apresentavam gagueira. Para esse estudo, foram realizadas sessões semanais de acupuntura nos pontos c5 (tongli) (o ponto clássico da Medicina Chinesa para o tratamento da gagueira) associado a outros pontos (não especificados). A falta de clareza na pesquisa, nos métodos e nos pontos utilizados levaram pesquisadores e autores posteriores a desconsiderar os resultados.

Outro estudo, de 2015, avaliou a eficácia da laserpuntura no tratamento da gagueira associada à terapia da fala em 30 pacientes adultos. Os pacientes foram divididos em dois grupos. Um grupo recebeu terapia da fala e laserpuntura (cada ponto recebeu 13J/cm2 por 30 segundos) e o segundo recebeu terapia da fala e placebo (laserpuntura sem a existência do laser). Os testes foram simples-cego.

Os pontos utilizados foram:

  • C5 (tongli)
  • IG4 (hegu)
  • P6 (kongzui)
  • ID17 (tianrong)
  • E9 (renying)
  • VC23 (lianquan)
  • VC24 (chengjiang)
  • taiyang

Os resultados da pesquisa indicaram que o uso da laserpuntura associada a terapia da fala (fonoaudiologia) foi mais efetivo do que o tratamento apenas com a terapia da fala. Os efeitos do tratamento perduraram por 3 meses após a finalização do tratamento (não houve piora no quadro) no grupo que recebeu a laserterapia e a terapia da fala enquanto o grupo que recebeu apenas a terapia de fala apresentou reincidência na gagueira.

Considerando a auriculoterapia, o ponto CORAÇÃO deve ser utilizado.

Com base nas obras e pesquisas científicas, a acupuntura é sim efetiva no tratamento da gagueira e quando possível deve ser associada à terapia da fala, tratamento fonoaudiólogo ou psicológico conforme o caso.

Obviamente, os pontos citados são apenas sugestões e devem ser considerados conforme a avaliação e condições do paciente.

 

Referências

– Bijan Shafiei, Mojtaba Heshmatipour, Samira Tavakol, Mahmud Saghaei, Zahra Ghayumi. Determining the effect of laser acupuncture in treating stutterers in comparison with speech therapy. Doi: 10.4103/2277-9175.148290
– Craig AR, Kearns M. Results of a traditional acupuncture intervention for stuttering. J Speech Hear Res. 1995;38:572–8.
– MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico na Medicina Chinesa: um guia geral. 1ª edição. Rio de Janeiro: Roca, 2006.
– MACIOCIA, Giovanni. Os fundamentos da medicina chinesa. 3ª edição. Rio de Janeiro: Roca, 2019.
– ROSS. JEREMY. Combinações dos pontos de acupuntura: a chave para o êxito clínico. Rio de Janeiro: Roca, 2019.