O diagnóstico pelo pulso tem desempenhado um papel importante na Medicina Chinesa desde o seu início, há mais de dois mil anos; e embora tenha sido um dos principais métodos de diagnóstico ao longo de todos esses anos, as obras específicas sobre pulsologia acabam utilizando algumas metáforas confusas para classificar os diversos tipos de pulso.

Alguns pulsos são fáceis de identificar na vida real, como o pulso regular ou irregular, mas outros como afundado, apertado, não são tão claros. Alguns livros fazem um excelente trabalho ao relacionar o diagnóstico pelo pulso com outros conceitos da Medicina Chinesa, particularmente com a teoria de Órgãos e Vísceras.

Porém, acupunturistas modernos aparentemente dão mais destaque para outras técnicas de diagnóstico e acabam utilizando a palpação do pulso como uma método secundário e suplementar – o que é compreensível, uma vez que o próprio Clássico do Imperador Amarelo descreve mais de 30 tipos de pulso.

As limitações do diagnóstico objetivo do pulso

Talvez o problema esteja relacionado com os avanços tecnológicos, que estão presentes em diversos estudos recentes, muitos dos quais buscam simplificar o diagnóstico pelo pulso através de aparatos tecnológicos, como sensores táteis.

Pesquisadores estão tentando padronizar os tipos de pulso para deixar o diagnóstico pelo pulso mais simples, objetivo e confiável, porém sem muito sucesso.

Por mais surpreendente que pareça, para eficiência clinica deve-se ir na contramão, ou seja, o diagnóstico subjetivo do pulso pode ser uma abordagem mais adequada.

O diagnóstico subjetivo do pulso: A distinção crucial

Quando estudei em um Templo Budista, os monges introduziam qualquer novo conceito sobre diagnóstico ou tratamento neles mesmos – por exemplo – palpando seu próprio pulso quando estavam com fome e depois de comer; antes de usar o banheiro e após. Eles registravam seus achados em diários pessoais, que eram muito utilizados, utilizando suas próprias palavras. A meta era identificar e memorizar as diferenças encontradas no pulso.

A distinção crucial entre palpar o próprio pulso repetidamente versus palpar o pulso de colegas e pacientes é que você sabe exatamente o que fez antes de palpar seu próprio pulso, e assim pode registrar as possíveis causas e seus efeitos assim que ocorrem. É impossível saber a ordem e a natureza as atividades de outras pessoas assim como você sabe das suas.

Depois de passar vários meses ou até anos palpando o próprio pulso, é possível identificar as mudanças que ocorrem no pulso depois de comer, por exemplo, sopa ou batata frita; quando estiver cansado ou após descansar; e assim por diante.

Sempre que tiver dor de cabeça ou resfriado, por exemplo, será possível notar imediatamente as mudanças no pulso que estão além do que é fisiológico (e será possível suspeitar de uma patologia em tais casos).

Porém, quando você palpa o pulso de outras pessoas, não tem consciência das circunstâncias que causaram os vários tipos de pulso, o que aumenta significativamente o tempo necessário para avaliar o pulso até conseguir relacionar as causas e efeitos que levaram àquela condição.

Comparado todas as mudanças que você reconhece em você mesmo, você perceberá que suas descrições serão muito mais detalhadas do que as melhores descrições presentes nos livros e seus registros pessoais servirão de referência para sua prática clínica.

É fato que o pulso é individualizado, mas certos tipos fisiológicos e patológicos que se destacam e você será capaz de reconhecer muitos deles.

Infelizmente, a única forma de aprender os pulsos patológicos é palpando o pulso dos seus pacientes, porém ao conhecer os tipos fisiológicos, tem-se várias referências confiáveis.

Pérolas Clínicas

Essa abordagem extremamente subjetiva, porém metódica, de estudar os pulsos por meio da avaliação do próprio pulso e suas alterações conforme as atividades cotidianos pode ajudá-lo a desenvolver uma “intuição” confiante no seu diagnóstico do pulso.

 

 

Traduzido de:

– KOROSTYSHEVSKIY, Vladislav. The Best Way to Learn Accurate Pulse Diagnosis: Start With Your Own. By Vladislav Korostyshevskiy. Acupuncture Today, volume 22 – november 2021. Disponível em https://www.acupuncturetoday.com/mpacms/at/article_d.php?id=34105&nr=t